quarta-feira, março 31, 2010

Coca-Cola Kosher Le Pessach de 1936

Desenho da chapinha de 1936 para conhecimento dos consumidores

Rabino Tobias Geffen
In English after the Portuguese text

É bom quando se consegue juntar duas coisas tão diferentes quanto judaísmo e Coca-Cola. Recentemente a Rua Judaica, do amigo jornalista Osias Wurman publicou uma matéria adaptada do Jerusalem Post que reproduzo em seguida. Infelizmente, como é comum na grande mídia (JPOST) alguns detalhes encontrados em instantes não são procurados. Além da história do rabino Geffen, o mais importante era localizar no tempo o momento da "kasherização" da Coca-Cola. Isso foi em 1935. A foto do rabino Tuvia ou Tobias Geffen também não foi publicada pela JPost, portanto está aqui em cima

Curiosamente é a mesma época em que se acusa a Coca-Cola de, arianizada na Alemanha, continuar mantendo seus negócios com o governo nazi. A Coca-Cola foi a principal viabilizadora econômica da Olimpíada de Berlim de 1936. Todas as fotos em que seus logos e cartazes aparecem durante os jogos estão no arquivo da empresa não disponíveis. Ou seja, temos uma documentação comprovada da dualidade e ambiguidade da política de neutralidade norte-americana daquele período.



Anúncio original canadense de 1936
O anúncio em anexo é do ano seguinte, de 1936, publicado no importante jornal judaico The Canadian Jewish Chronicle, em sua edição pré-Pessach. O anúncio de meia página nos traz alguns dados interessantes. O mais visível são as primeiras chapinhas kosher, item que nem se sabe se existe de posse de algum colecionador. Em seguida temos a supervisão do Conselho Judaico de Montreal e do Conselho dos Rabinos Ortodoxos.

E já se antecipando às elevações com pouco sentido de produtos para Pessach, o anúncio é muito claro e diz que os preços usuais (5 centavos) devem prevalecer.

"Nós, através desta, declaramos que Coca-Cola é uma bebida puramente vegetal, analisada por grandes químicos e é uma bebida permitida para o serviço do Seder. Especialmente engarrafada para Pessach. Cada garrafa é selada com uma chapinha com as palavras Kohser Le Pessach."

É um documento único de minha coleção e este é o momento mais apropriado para sua divulgação.

Atualmente o que diferencia a normal da kosher de Pessach é o uso de açúcar na kosher enquanto a Coca normal usa frutose de milho. As empresas Gefen e Guefen não são relacionadas ao rabino Geffen.

Anúncio da Pepsi de 1941

Os Estados Unidos praticamente deixaram de usar o açúcar de cana para refrigerantes após a Revolução Cubana de 1959. Mas é absolutamente normal para diversas outras marcas, principalmente a Pepsi também produzir seus refrigerantes em edições especiais com açúcar de cana brasileiro para Pessach. A Pepsi iniciou esta prática em 1941

Chag Pessach Sameach

José Roitberg - jornalista

mais sobre a história da publicidade de Coca-Cola em http://cokebr.blogspot.com/ e http://jipemnia.com/coke

(English) It's nice when you can tie so different things like Judaism and Coca-Cola. Recently the Jerusalem Post published an article on 40years of the death of the Rabi that kasherized the Coca-Cola but lacked the most important information, the date. It happened in 1935. This was the same period when the arianized Coca-Cola company in Germany continued the business with the Nazis like so many other American companies. Coca-Cola was the main sponsor of 1936 Berlin Olimpics and all the pics with the mark at streets and stadiums are banned or stucked into Coca-Cola Archive not available to the public.

In some days I will publish a complete and illustrated article on that period. But it's interesting to notice the duality of isolationist politics of US at the 1930's. In Americas Coca Kosher and in Germany sponsoring the regime that openly harassed and prosecuted the Jews.

This is a unique ad, published by
The Canadian Jewish Chronicle on it's pre-Passover edition. Read Carefully. There is a lot of information on it.


Latas de Israel para Pessach de 2017


Na África do Sul também há produção especial




No EUA as garrafas PET de KLP ficaram conhecidas por suas tampinhas amarelas
Em 1970 a Coca-Cola começou a testar as latas de alumínio nos EUA e sua linha especial diet, a TAB foi das primeiras a usar este tipo de embalagem e também com edição especial KLP, pois a TAB como a atual Life tinha açúcar


A Coca-Cola, é claro, também produz seus refrigerantes com
a certificação Halal muçulmana para um público imenso


(publicado em Rua Judaica)
O RABINO E A COCA-COLA KASHER


Uma cerimônia em homenagem aos 40 anos de falecimento do Rabino Tuvia Geffen foi realizada em Israel. Este rabino ortodoxo, que sempre conseguiu encontrar soluções criativas para suas questões, marcou época e deixou seu nome na história do mundo Kasher. Como sabemos, a Coca-Cola, um dos símbolos americanos mais conhecidos do mundo, tem sua fórmula secreta guardada a sete chaves, porém, durante muitos anos, uma das únicas pessoas em todo planeta que sabia sua fórmula, era o Rabino Tuvia Geffen, o homem que transformou a Coca-Cola em um produto Kasher.



R.Geffen nasceu em Kovno, Lituânia, no dia 1 de Agosto de 1870. Estudou na Yeshivá de Kovno e Grodno e se tornou rabino formado pelos seus mestres R.Tzvi Hirsch Rabinowitz de Kovno e R. Danishevsky de Slobodka. Casou-se com Sarah Hene Raninowitz em 1898. Teve 8 filhos e seu casamento durou 63 anos. Em 1903, após o progrom em Kishniev, R.Geffen e sua família foram morar em NY, onde se tornou rabino em Canton, Ohio, e depois de alguns anos, optou em se mudar para Atlanta, onde o clima era mais agradável. Trabalhou na organização Sheerit Israel, até Fevereiro de 1970. Sua filha Helen estava estudando química alimentar na Universidade da Geórgia, quando, como parte de seu projeto, resolveu analisar a composição da Coca-Cola. Encontrou em sua fórmula glicerina de origem animal. Alguns rabinos na época já autorizavam o consumo da Coca-Cola como produto Kasher, muitos devido a regra de 1/60, onde se existe uma parte não kasher para 60 partes kasher, estaria ok o consumo, e outros por não saber da presença da glicerina na fórmula.



Quando o rabino Geffen escutou de sua filha a respeito da glicerina de origem animal ficou muito preocupado, e viu que ali havia um problema, já que a regra de 1/60 somente se aplicaria caso esta parte não kasher se misturasse de forma acidental com as outras 60 partes kasher, mas sendo feito a mistura de forma intencional, todo o produto seria considerado como não kasher. O rabino de imediato entrou em contato com o Sr.Harold Hirsch, um grande empresário e líder comunitário em Atlanta. Harold se encontrou com o Sr. Asa Candler, um dos fundadores e donos da Coca-Cola. Muito antes do mundo se tornar tão globalizado, o sr. Candler já sonhava em ter seu produto vendido em todos os países do mundo. Ao escutar sobre o problema, Mr. Candler disse: Se todo o mundo vai tomar Coca-Cola, não quero que exista um grupo, o grupo dos Judeus que deixem de tomar meu produto, todos devem ter a chance de tomar Coca-Cola".  Sr. Candler chamou seus diretores e disse: "Quero que vocês por gentileza acompanhem o rabino e resolvam este problema o quanto antes".

R.Geffen teve diversas reuniões com executivos e químicos da Coca-Cola, assinou um termo "segredo de Estado" com a empresa e passou a ter acesso a fórmula secreta do produto. Como resultado, Coca-Cola desde então aceitou substituir a glicerina de origem animal por um outro produto Kasher (não de origem animal), e também substituir derivados de milho, para que pudesse existir a opção de Coca-Cola Kasher para Pessach.  Após estas mudanças, a Coca-Cola se tornou oficialmente Kosher.

De uma história como esta podemos ver que quando um judeu decide que quer comer Kasher e assume com orgulho sua opção, os outros, inclusive os não-judeus, não somente respeitarão a decisão, como inclusive darão apoio e ajuda para que a comida Kasher não seja um obstáculo para reuniões de negócios, encontros sociais e festas.

Editado por Fernando Bisker (EUA-Miami) - matéria adaptada do Jerusalem Post - fev.2010

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